A Moça de dois Universos - Muito Prazer

Obra original do artists Ricardo AKN que faz parte de sua exposição "Narrativas em Camadas - Entre linhas e fragmentos".

A moça des universos
No reino de Andirás, dizia-se que a alma de uma pessoa poderia ser dividida em partes, cada uma delas refletindo um aspecto de sua essência. No centro desse reino, em uma casa rodeada por campos verdes e cactos floridos, vivia Amara, uma jovem com olhos que pareciam conter todos os segredos do universo.
Amara não era uma pessoa comum. Havia algo nela que fazia o ar tremer levemente ao seu redor, como se uma energia invisível emanasse de sua presença. As pessoas do vilarejo sussurravam histórias sobre ela, contando que Amara possuía o dom de ver e sentir o que ninguém mais podia. Era por isso, diziam, que a jovem raramente era vista fora de casa, sempre imersa em seu mundo particular.
Em um belo dia, enquanto olhava para o espelho, Amara viu sua imagem dividida. A parte superior do espelho refletia uma mulher forte, segurando o carneiro com ternura. Seus olhos estavam cheios de sabedoria antiga e uma calma imperturbável. O carneiro, com sua pele brilhante de lantejoulas, parecia vibrar de vida, seus olhos negros fixos nos dela, como se compartilhassem um segredo. Na parte inferior do espelho, outra versão de si mesma: pernas esguias cobertas de paisagens, campos floridos e cactos coloridos, uma natureza morta viva. As mãos azuis apoiadas em seu ventre, onde um coração batia visível, pulsando em um ritmo calmo e constante.
Amara fechou os olhos, sentindo a conexão entre essas duas partes de si. Entendeu que a chave para sua existência não estava em ser uma coisa ou outra, mas em aceitar e unir essas partes, compreendendo que sua força vinha de sua dualidade. A parte que segurava o carneiro era sua mente, cheia de sabedoria e domínio sobre o que é invisível. A parte que pisava a terra, suas pernas enraizadas, era seu vínculo com o mundo físico, a natureza viva que a sustentava.
Ela abriu os olhos e sorriu para o espelho. Agora sabia que seu papel em Andirás era ser a ponte entre os mundos, o elo que ligava o visível e o invisível, o real e o imaginário. Com essa compreensão, Amara se virou e saiu de casa pela primeira vez em muito tempo, pronta para explorar os campos que antes só conhecia por meio das reflexões. Ao caminhar, sentiu o calor do sol em sua pele e a brisa acariciando seus cabelos, cada passo unindo as partes de sua alma em harmonia perfeita.
E, ao longe, os habitantes de Andirás notaram que as flores nos campos e os cactos coloridos se inclinaram na direção de Amara, como se saudassem a guardiã dos segredos que fazia a ponte entre o céu e a terra.

Calcular frete e prazo

Ok

Carregando...