A Senhora de Porcelana - Muito Prazer

Obra original do artists Ricardo AKN que faz parte de sua exposição "Narrativas em Camadas - Entre linhas e fragmentos".

A senhora de porcelana
Era uma manhã suave na cidade de Alvorada, quando uma senhorita de porcelana apareceu em uma galeria de arte encravada entre as ruas calmas da velhinha cidade. A sensação era que sua presença havia sido moldada por algo além da compreensão humana. Vestindo uma cartola que mais parecia uma coroa, ela emanava um ar de dignidade e charme.
A cartola, de um rico e profundo tom marrrom, contrastava com a delicadeza do seu rosto de porcelana, que refletia a luz de maneira suave, quase mágica. Seus longos cabelos, muitos deles enrolados em ondas celestiais, eram de um azul profundo — como o céu pouco antes do crepúsculo — e deslizavam pelo chão como um rastro de mar profundo e misterioso. Cada detalhe, cada curva de seu corpo, era delicadamente esculpido, como se um artista inspirado tivesse dedicado uma eternidade a capturar a essência da beleza etérea.
Ao seu redor, a galeria era um caos artístico. O ambiente estava salpicado de tinta, como se a própria criatividade tivesse se manifestado em pinceladas vibrantes. As telas, as esculturas e os afrescos em exibição mostravam um turbilhão de cores e formas, mas nada se comparava à senhora de porcelana. Ela era a musa entre a tempestade de cores, um monumento à beleza dentro da confusão.
Um dia, quando as luzes da galeria se apagaram e a cidade mergulhou em silêncio, a senhorita de porcelana, como um sonho despertando, começou a se mover. As próprias cores ao seu redor pareciam dançar ao seu comando. Com a cartola firme sobre sua cabeça, ela deslizava pelo chão polido da galeria, cada passo um convite à magia.
Ela sonhava com o luar e as estrelas, desejando compreender o mundo além das paredes de sua prisão de arte. Em sua jornada, ela encontrou outras obras que também anseiam por liberdade: um amor perdido retratado em uma pintura de rosto triste, uma escultura do coração quebrado, e colagens de memórias rasgadas.
Enquanto seus longos cabelos azuis se arrastavam, a senhorita de porcelana conjurou uma ideia. E com essa ideia, fez uma promessa vibrante de que um dia, cada peça de arte na galeria dançaria sob o brilho do luar, libertando-se da estática condição de ser apenas uma obra para se tornarem histórias vivas e pulsantes.
Com a primeira luz da manhã, a galeria era novamente silenciosa, mas agora havia uma nova esperança no ar. A senhorita de porcelana deitada em seu altar de arte parecia sonhar em cores ainda mais vibrantes. E assim, em uma galeria marcada pela tapeçaria criativa da vida, os segredos da esperança e da liberdade continuavam a ecoar, deixando a cidade sonhando com a dança da beleza imortal.

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